quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Aula: Desertos

Desertos são regiões onde há considerável deficiência de água. A principal causa dessa aridez são as baixas precipitações, particularmente as chuvas, embora o índice pluviométrico das áreas desérticas sofra grandes variações de ano para ano. Apesar de não serem necessariamente quentes, muitos desertos encontram-se em regiões de clima quente, com elevadas taxas de evaporação que causam deficiência de água. A falta de umidade nos desertos dificulta as condições de vida humana, animal e vegetal.
Como a deficiência de água é a principal características dos desertos, as regiões árticas e antárticas são as vezes chamadas de desertos polares, porque nelas a água geralmente não está disponível em sua forma líquida.

O que causa os desertos:

A localização de muitos desertos coincide com a de áreas caracterizadas por pressão atmosférica alta e estável, condições que não favorece a ocorrência de chuvas. Estas faixas tropicais de alta pressão são responsáveis por desertos como o Saara e o Kalahari, na África, e pelos desertos da Austrália e da Arábia.
Há outros desertos - como o de Gobi, na Ásia - cuja a sua existência se deve a sua continentalidade, ou seja, sua distância em relação ao mar, que os impede de serem alcançados os ventos úmidos dos oceanos. Esse efeitos pode ainda ser intensificado por fatores geográficos: a presença de barreiras montanhosas faz com que o ar úmido que vem do mar se precipite sobre elas como chuva ou neve e se torne seco após atravessá-las, dando origem a um deserto, como o encontrado no norte do Himalaia.
O deserto da costa oeste da África, na Namíbia, e o Atacama, no Chile, são afetados pela presença de correntes marítimas frias que percorrem a costa, resfriando o ar e evitando a evaporação da umidade proveniente da superfície do oceano e a formação de chuvas. Em alguns lugares do deserto do Atacama, não foi registrada chuva durante os 400 anos anteriores a 1971. A água fria do oceano, entretanto, provoca elevada incidência de névoa, que é a principal fonte de umidade dos desertos extremamente secos ou hiperáridos.
A atividade humana também pode contribuir para a criação de novas áreas desérticas - processo conhecido como desertificação.

O clima dos desertos:         

Alguns desertos são mais secos do que outros. Por este motivo, costuma-se fazer distinção entre áreas semi-áridas, que recebem em média de 200 a 500 mm de chuvas por ano, as áreas áridas com índice pluviométrico anual de 25 a 200 mm e áreas hiperáridas, que são tão secas que chegam a ficar anos a fio sem receber chuvas. Juntas, as áreas áridas e as hiperáridas formam os verdadeiros desertos do mundo. As áreas semi-áridas, frequentes nas margens dos desertos, correspondem a cerca de 15% da área terrestre, enquanto as áreas desérticas áridas e hiperáridas cobrem, respectivamente, cerca de 16% e 4% da superfície terrestre.
A maioria dos desertos tem verões quentes, com temperaturas médias superiores a 20ºC e temperaturas máximas que, ás vezes, superam 50ºC. No entanto, nos meses de inverno, as temperaturas sofrem grandes variações, devido as diferenças de latitude em que se encontram. Os desertos formados pelas faixas subtropicais de alta-pressão geralmente possuem os invernos mais quentes; de fato, em algumas partes do Deserto Arábico, as temperaturas médias nos meses mais frios ficam acima de 20ºC. Alguns, desertos, porém, têm invernos realmente frios. Partes do Saara Central são extremamente montanhosas, de modo que as altas altitudes contribuem para as baixas temperaturas no inverno. A temperatura média no mês mais frio no Deserto de Gobi fica abaixo de -20ºC, devido à sua grande distância em relação ao mar quanto à sua alta altitude.
Muitos desertos sofrem também grandes variações diárias de temperatura, apresentando dias quentes e noites frias. Neles, céus limpos, sem nuvens, deixam o calor escapar, enquanto o solo, desprovido de vegetação, não absorve calor. É o caso do Saara Central, que possui um registro de variação diária de temperatura superior a 55ºC: de 52ºC a -3,3ºC.

Paisagens desérticas:

A imagem que se tem dos desertos são vastas planícies de dunas de areia, sem plantas ou rochas à vista. Embora corresponda em alguns desertos, isto não significa que todos sejam assim, nem que esse tipo de paisagem seja típico dos desertos em geral.
O vento é um importante agente da formação da paisagem dos desertos, devido a limitada presença de vegetação, que protege a superfície do solo. O poder da erosão manifesta-se lançando jatos de areia sobre as faces nuas das rochas, tornado-as lisas e criando características como os yardangs. Se houver sedimentos em quantidade suficiente, o vento também transporta e deposita areia, dando origem às dunas. Esta areia provém geralmente de leitos secos de rios e lagos ou da costa. A erosão das superfícies nuas das rochas estimuladas pelas altas variações diárias de temperatura - também é responsável da formação de material particulado.
Embora as chuvas sejam escassas nos desertos, a ausência de vegetação e a alta intensidade de tempestades desérticas fazem com que a água adquira um papel importante na formação das paisagens desérticas. Os cursos de rios do deserto, geralmente chamados de uádis, são capazes de transportar grandes volumes de água e sedimentos durante as tempestades. Esse processo leva a formação de canyons e de áreas intensamente sulcadas, chamadas de voçorocas, em locais em que há grande quantidade de sedimentos maciços e altamente sujeitos à erosão. A presença de montanhas está associada à ocorrência de inundações repentinas, altamente erosivas. As grandes quantidades de sedimentos que tais inundações transportam são depositadas nos locais onde os rios se afastam das montanhas e prosseguem por terrenos mais suaves e planos, formando os leques aluviais. Com o tempo, a ação do vento e da água faz com que a paisagem se torne recortada por vales irregulares. Em áreas em que as rochas consistem de camadas horizontais - como nas áreas desérticas do Arizona e do Novo México, no sudeste dos Estados Unidos - este processo pode gerar a formação de colinas isoladas e de topo achatado, chamadas de mesas e buttes. Onde as rochas não se encontram assim estratificadas, ocorre a formação de elevações mais arredondadas, tipo ''ilhas''.
 

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