sexta-feira, 23 de maio de 2014

Aula: Representações Gráficas da Superfície da Terra

Desde os primórdios da civilização o homem tenta representar o espaço habitado. Os povos primitivos desenhavam esse espaço normalmente sendo plano ou semi esférico. Esse espaço habitado ocupava o centro da representação sendo rodeado por figuras lendárias que transmitiam a ideia da existência de seres monstruosos e místicos que rodeavam o planeta. Veja alguns exemplos:
  • Os sumérios viam a Terra como um disco plano, tendo o centro o espaço habitado e conhecido. 
  • Pra os amoritas a Terra era um disco plano rodeado por um oceano, e existiam sete ilhas triangulares formando uma estrela. Em cada uma das sete pontas dessas estrelas haviam criaturas místicas que protegiam a Terra da invasão de seres monstruosos.
  • Os assírios tinham a visão que a Terra era circundada por um mar e rodeado por cadeias de montanhas onde moravam os deuses. Essas montanhas sustentavam a cúpula celeste.


Uma Representação na Índia Antiga que mostrava a Terra como um enorme disco plano. No centro do disco ficava o monte Meru, em torno deste girava o Sol, a Lua e as Estrelas.  





Representação para os Gregos:
A teoria que a Terra fosse plana foi uma das primeiras concepções gregas. A ideia de esfericidade surge com Pitágoras de Samos.
Erastótenes de Cirene foi o primeiro a determinar o tamanho do planeta esférico. Ele colocou um gnômon (Parte do relógio solar que possibilita a projeção da sombra) em Siena e outro em Alexandria.  Segundo Erastótenes as 12 horas do solstício de verão não havia sombra em Siena, enquanto em Alexandria, a distância de cinquenta dias de caminhada havia sombra projetada. Isso foi a primeira comprovação que a Terra não era plana e sim esférica.
Anaximandro de Mileto construiu o primeiro mapa-múndi gravado em pedra. Demócrito de Abdera introduz os conceitos de latitude e longitude. Com base nos conhecimentos matemáticos, Hiparco de Nicéia divide a Terra em 360 partes. Segundo ele as referências na Terra eram determinadas de acordo com a posição dos astros. 
Claudio Ptolomeu escreve a obra Geographike Syntaxis que é o resumo de todo o conhecimento grego, que era composta de oito volumes de pergaminhos manuscritos e ilustrados por um mapa-múndi, além de 26 mapas regionais que apresentavam detalhes continentais. O volume I dissertava sobre a construção do globo de Crates e a técnica de projeção de mapas. Do volume II ao VII era guias com uma extensa relação de aproximadamente 8000 nomes de lugares com coordenadas geográficas, latitude e longitude. O volume VIII contém os princípios da cartografia, geografia e matemática. Ensinava a construir e desenhar um mapa em projeção cônica. O mundo conhecido por Ptolomeu tinha 180º de longitude, 63º de latitude norte e 180º de latitude sul.


Gnomon de Sol


Representação na Idade Média:

As representações cartográficas na Alta Idade Média perdem as concepções que os gregos tinham sobre a forma da terra, passando a representar o mundo através de um conceito religioso e o explicando por meio dos ensinamentos bíblicos. Na Idade Média as pessoas achavam que a Terra era plana e o centro do universo e o sistema solar girava em torno do nosso planeta.

Em linhas gerais os mapas apresentavam um quadro conceitual com três linhas:

  • 1ª Linha: Era em forma retangular como o que servia de base ao ''Mundo Tabernáculo do Tratado de Topografia de Cosme Indicupleustes. No Tratado Topografia Cristã ele nega a ideia de esfericidade da Terra e dos Céus. Indicupleustes tem uma visão de um mundo fechado e infinito, em que a Terra está dentro de uma caixa fechada, semelhante a um tabernáculo.
  • 2ª Linha: Baseado nos Mapas ''Orbis Terrarun'' os mapas Isidorinos se originaram na Espanha com o famoso mapa ''T'' sobre ''O'', na maioria circulares.
  • 3ª Linha: Mapas manuscritos conhecidos como Beatos, em que o mundo é representado de forma retangular readequando o ''Orbis Terrarun'' a teologia cristã, com uma terra antípoda para mostrar que havia seres monstruosos nessa terra.
Mapa ''T'' sobre ''O''.

São Tomás de Aquino embute na ciência as obras de Aristóteles que defendia a esfericidade da Terra. Esse raciocínio exigia que a Terra fosse esférica e ocupasse o centro do universo, o que agradava os teólogos. A discussão da forma da Terra provoca duas sínteses:

1ª Bíblico Cratesiana.
2ª Bíblico Aristotélica.

Na Idade Média Tardia surgiram as Cartas Portulanas, que são anotações e desenhos das costas continentais feitas pelos navegadores.


Mapa na Idade Média